terça-feira, 23 de outubro de 2012

Professora/Contadora fala sobre EDUCAÇÃO FINANCEIRA


Artigo publicado na Coluna Impactante - Jornal Correio do Seridó 

O impacto da mudança comportamental nas finanças pessoais, traz transtornos às pessoas.

Os leitores dessa coluna têm dado sugestões para que escrevêssemos sobre a educação financeira.

A educação financeira não se aprende na universidade. Por isso, as pessoas estão vulneráveis quando precisam lidar com dinheiro. E os adultos sofrem por não perceberem que os instrumentos existentes no mercado são ferramentas para que você tenha acesso ao crédito e não complemento do salário. Daí surgem várias interrogações: 

O cartão de crédito estourou? Os cheques sem fundo são uma rotina? O salário está comprometido com empréstimos consignados? 

O cheque especial sempre é usado como adicional de salário? As prestações do carro novo estão atrasadas? 

Os carnês de prestação duram mais que o produto adquirido? Infelizmente, é muito comum esses “desastres” financeiros acontecerem, tanto entre as pessoas que estão empregadas como as que procuram um trabalho.

A solução perpassa pela mudança de comportamento financeiro: aprender a gerir melhor seu dinheiro e estabelecer prioridades para sua vida. A primeira atitude que uma pessoa endividada deve tomar, é colocar as contas no papel, enxugar gastos, eliminar o fútil e traçar metas.

Se tiver vários cartões de crédito cancelar e ficar apenas com um, pois facilita o controle. Não andar com o talão de cheque na bolsa e procurar comprar à vista para obter um desconto.

Em situações graves, onde a saúde financeira da família está comprometida: diminuir o ritmo das compras e das diversões; fazer um orçamento mensal das despesas; manter o diálogo financeiro familiar e “aposentar” temporariamente o cartão de crédito.

Pesquisas detectam que as dificuldades de mudança de hábitos e da adoção de novos comportamentos são difíceis de serem colocadas em prática, se o assunto for dinheiro. Parece que a mudança fica ainda mais difícil de ser assimilada.

Para a neurocientista Suzana Herculano (2011), o processo psicossocial das mudanças no comportamento passa por várias etapas:

•Desequilíbrio: a mudança chega e com ela uma crise interna com dúvidas toma conta de sua mente e lhe impede de ter novas ideias. É o momento de instabilidade, onde percebe-se a necessidade de trilhar novos caminhos. 

As dificuldades existem. Como posso realizar essa tarefa? A quem devo recorrer? Quem poderá me ajudar? Além do medo de outras pessoas perceberem a situação que estou vivendo. 

•Descongelamento: fase onde se inicia a “desconstrução” de conceitos e hábitos antigos por novos, a ansiedade aumenta. Nessa fase a pessoa já percebe que há crenças por traz dessa dificuldade financeira. Se eu perder tudo que já conquistei, como vou olhar no espelho e como explicarei aos meus familiares essa situação?

•Incorporação: no momento de decisão, percebe-se que a mudança é inevitável. A opção é a aprendizagem e a ação. Os novos comportamentos passam a fazer parte de sua rotina. A melhor maneira de enfrentar essa situação é buscar ajuda de um profissional mais experiente que venha ajudá-lo a sair desse pesadelo.

•Congelamento: a nova estrutura passa a ser interiorizada e com ela a estabilização dos novos comportamentos. É normal que toda mudança provoque resistência. Algo que é preciso ter atenção é quando não conseguimos percorrer todas as fases psicossociais apresentadas.

Muitas pessoas, diante das mudanças, acabam estacionadas na primeira fase, onde seus comportamentos radicais os impedem de seguir adiante. O medo e a incerteza paralisam. Muita atenção nessas ciladas, principalmente em relação às questões financeiras! O que irá trazer a sua tranquilidade de volta é a coragem para encarar a realidade. A educação financeira e a atitude para assimilar novas formas de comportamentos, aprender a poupar hoje para ter um futuro brilhante e sossego de espírito.

Porém, há pessoas que são consumidores compulsivos, com o intuito de sarar as doenças emocionais, torram todo o cartão de crédito, acham que dessa forma terão amigos, são pessoas que vivem de aparência, de eventos e não tem existência. Ter existência é assumir autoresponsabilidade pela vida que tem levado, de forma alegre e feliz.

Já as pessoas que vivem de evento são compradores compulsivos, agem assim para serem aceitas socialmente. Que tipo de pessoa é você?

REFLEXÃO IMPORTANTE: 
Antes que a sua relação com o dinheiro chegue a níveis críticos de endividamento, analise sua vida e quais aspectos podem ser melhorados. Garanto que a mudança de comportamento em momentos mais tranquilos é bem mais fácil de ser assimilada! 

Experimente e verás que vale a pena poder colocar a cabeça no travesseiro e dormir tranquilamente, pois não precisa desesperadamente conservar o vício de comprar para suprir as carências emocionais.

Boa sorte e até a próxima. 

Por Neves Batista, Contadora/membro efetivo da Academia Norte Rio-Grandense de Ciências Contábeis 

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